domingo, 4 de maio de 2008

[palavrão]

por que lembrar que ele teve outras?
pra aumentar a dor, esfumaçar o amor, atiçar meu rancor, esmiuçar o perdão, endurecer o tendão, dar insônia, jogar no lixo qualquer coisa boa que ainda restasse numa conversa de madrugada no msn.

pra que lembrar de passado?
pra dividir o fardo, matar de fome o pecado e perceber que eu também não fui santa, pra me lembrar que aqui se faz aqui se paga, talvez essa seja minha carga, meu pesar de consciência, meu penar.

tá, e agora?
como saber se de fato a entrega é real
é diferente de tudo o que ele ja viveu
é coisa nova e não só da boca pra fora
é o que quer não por medo de ficar sozinho ou com a pessoa errada
o que o fez perceber que me quer de verdade agora e vai fazer por onde
que dessa vez vai ser diferente
que o ciúme não vai arder como vinagre na ferida aberta
que as possíveis brigas se esgotaram no passado
se esse impulso de amargor vai se manter estancado

até quando esse incômodo vai se manter dormindo, dormente
e depois aparecerá pra mim sorridente com um punhal nas mãos?
traiçoeiro contando uma história da qual não fui personagem
apontando pra minha cara e falando sacanagem
'essa é pra ficar na sua cabeça, otária'

por outro lado, foda-se!
pra que pensar nisso tudo se tudo aqui é passagem,
se o que acontece é viagem, que essa seja história só pra lamentar a minha dor,
minha falta de humor, só de imaginar

e percebo que de amor eu não entendo nada,
afinal, pra que lembrar que eu não fui a única, que ele teve outras, se entregou a outras, dominou e se deixou dominar.
e pra que falar que eu ja tive outros, me apaixonei por outros, se é discurso vazio, se quando eu sinto frio é com ele que eu queria estar.

na verdade eu queria uma borracha pra apagar emoções, sentimentos, acontecimentos, imagens, lugares, viagens, filmes, beijos, sexo, tudo o que remetesse a qualquer pessoa, qualquer lembrança que ele tenha ou venha a ter. o que eu queria fazer era esgotar todas as possibilidades, fazê-lo totalmente contrário, avesso, descontente a qualquer situação que não fosse ao meu lado, pra mim, por mim, comigo.

o que eu queria era manter numa bolha esse ser (disgr!) amado, ou condimentar esse pedaço de carne e sentimento, manter enlatado, ao meu gosto, sem prazo de validade, ao meu dispor, só meu.

pra que lembrar, pra que pensar, pra que amar tanto assim?
droga.

2 comentários:

Ju*estrela* disse...

Não queira manter a rosa em redoma que nem o Pequeno Príncipe fez. A rosa precisava do ar, da chuva, sol, do perigo, ..., para ser forte quando estivesse sozinha. Apenas cative a rosa.

BeiJus* Pôia

Maressa Moura disse...

simples assim..rs