quinta-feira, 31 de julho de 2008

game over?

e o jogo da vida segue adiante, só que com muito mais preguiça do que antes
segunto tempo de vários outros tempos, aquela coisa que todo jogo tem - e cansa -
a torcida já não colabora, canta o hino em paródia, xinga a mãe, distrai

é muita gente se metendo onde não é chamada,
pagando inteira num ingresso pra assistir o circo pegar fogo
não torce pra nenhum dos dois (times), só contra.

com um formigamento diferente, tipo caimbra, que inquieta e dói sem perceber
você vai perdendo as forças
as forças que já tinham se esgotado antes do jogo começar
a preguiça do novo é normal pra mim e não teria porque dessa vez ser diferente
a questão que me incomoda não é não aparecer gente certa no caminho pra receber o passe e fazer o gol
é o tanto de errada que aparece e embola o meio de campo
desconcentra até o torcedor mais atento, o fotógrafo mais concentrado
embaça e deixa turva a percepção de qualquer um.

você tenta driblar uns, alguns, algumas vezes,
mas erra os passes mais ensaiados, o que já tava decorado, o que vc costumava ensinar
depois analisando a fita, o diário, fotos, vida
pensa:"o que foi que eu fiz pro jogo terminar assim?"

é foda.
e eu me pergunto ainda quantos jogos terei que jogar?

sábado, 12 de julho de 2008

vida louca.

não sei você, mas a vida me impressiona compulsivamente
engana, desengana, prega peça, mistura trama
chora um drama danado e me bota pra chorar também,
puxa meu cabelo, dá uma surra e sopra
surra e sopra
surra e...(a gnte se acostuma até ela não mais soprar)
e ainda se acha no direito de me puxar no reservado
praquela particular que só ela faz
é quase absurdo o jeito sem jeito que ela me trata.
desalmada tantas vezes! ó vida!
não para de colocar gente e louca e surpreendente perto de mim
eu queria saber porque comigo, pra mim
provação? provocação? aprendizado?

ah, continue fazendo seu trabalho surpreendente.
mas qd bater, assopra.
vai de leve e com calma, sempre.

terça-feira, 8 de julho de 2008

sei lá...sei lá..

até quando se consegue seguir sem saber pra onde ir?
tem um momento que vc tem que decidir se vai ou racha,
se entra no time ou pula fora,
se tá na chuva pra se molhar ou se é feito de açúcar,
se pula ou fica em cima do muro.

acho que somos seres muito doces. com medo de altura e sem poder de decisão.
..

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Música no ônibus

A cena se passa no Armazém 5, reinaugaração do espaço e lá fui eu, idiota,pra onde não deveria ter ido.
Já que os capixabas não podem mais beber nada por causa da nova lei do bafômetro (até bombom de licor ta 'proibido' pros motoristas), o jeito parece que foi se apegar à merda do cigarro. Eu não suporto cigarro, nem lugar cheio demais e lá estava assim, a própria visão do inferno. Ok, tirando essas desculpas, eu sabia que não deveria mesmo estar ali e resolvi ir embora, estava escrota demais pra se companhia de qualquer um, por mais chato que fosse, não me merecia hoje. Depois de esperar quase uma hora pelo show da grande (desconhecida) Martinália, com meus pés doendo, meu nariz coçando de gastura daquela fumaça nojenta, e minhas mãos loucas pra socar quem aparecesse jogando nicotina na minha cara, resolvi me despedir do pessoal e ir pro ponto de ônibus.
Após uns 5 minutos que pareceram eternidade, o 103 passou e eu entrei, paguei, sentei numa daquelas cadeiras altas do fundo. No próximo ponto um garoto da minha idade entra com um violão na mão e senta mais atrás. Penso no meu dia hoje, no tanto de trabalho que tenho pela frente, na chatice e insistência de algumas pessoas, na minha viagem de amanhã e no teste de natação pro Felipe passar na Marinha, ele não sabe nadar direito, numa letra triste e verdadeira da Marisa Monte que mexeu comigo hoje, no filme de ontem, que foi foda, sim..mas eu não merecia pagar 10 reais na locadora por um diazinho de atraso. Droga. De repente me bate uma tristeza aguda e eu recosto a cabeça na cadeira com vontade de chorar vendo todas aquelas luzes dos navios e embarcações em volta do Penedo, minha pedra favorita. A tristeza é aguçada com uma música dedilhada logo atrás de mim. Olho pra trás e era o garoto, concentrado tocando cada nota que emitia sons de dor pior que de parto. Era tão triste e linda ao mesmo tempo e combinava comigo naquele momento. Era como se eu estivesse olhando no espelho, era como se eu pudesse sentar do lado do cara e o que saísse da minha boca seria a letra perfeita praquela melodia.
Meu ponto estava se aproximando e me levantei, não resisti e minha boca acabou soltando um "A música que você tava tocando me inspirou pra escrever um texto agora no ônibus. Brigada", ele sorriu e disse "que bom!" e seus olhos agradeceram.